Saturday, April 29, 2006

Preto no branco tudo que via...

Estava andando, sozinho, olhando ao meu redor sentindo cada passo pesado, sentindo o peso nos meus ombros, me perguntava sobre este peso que carregava, esta ancora que carregava para cima e para baixo com toda inocência, carregava e me perguntava se era certo andar com esse peso que me cansava a cada passo, se era ao menos uma fraqueza minha, e sempre ficava aquele pequeno ar de que nada ia dar certo, que minha fraqueza era maior do que eu, que o peso que carregava era uma obrigação, ficava angustiado, ficava chateado, ficava com aquela sensação misturada, entre calor, suor, chateação e a maior de todas naquele momento, derrota, era o pior sentimento que já havia sentido, era tanta coisa que rodeava minha cabeça, e nada que pudesse me animar, nada que pudesse me mostrar animação, nenhum sorriso para dividir, era como se estivesse preso, preso dentro de mim, com vários companheiro indesejáveis, e ao mesmo tempo me deparava só... chegou um momento que não sabia mais o que fazer, não sabia, me perguntava sobre mim., sobre que fazer, e deduzi que mais um companheiro chegava para dividir espaço na minha cabeça, dentro de mim, era tanta coisa... tentava respirava, tentava andar, tentava, tentava... tentava... pensava, respirava... imaginava... chorava... tentava me secar do suor do ressentimento... tentava... de tudo... por que não podia simplesmente admitir meu fim, seria ele, não, não... não seria... a ressurreição desse sentimento era com uma mentira escrita na minha consciência... era tudo mentira... como faço... que faço... que devo.... que não devo... sentia o desabrochar desses companheiros indesejáveis... sentia um infinidade... sentia meu corpo ser algo mais do que somente eu... sentia a energia me circulando como uma dissonância, me circulando, me cercando, me prendendo, me deixando surdo de tudo que mais importa... me deixando de fora me desrespeitando... até que escutei um grito... um grito que veio de fora para dentro de mim... um grito que atravessou minhas linhas físicas... senti esse grito dentro dos meu ossos... lá dentro... mexendo comigo... após o grito fiquei apenas com o silencio, nenhum companheiro mais ali, ninguém para dividir espaço, apenas a calmaria... apenas um brilho...no meio da escuridão... mas não era um brilho forte, era uma pequena luz que mexia comigo, que me deixou concentrado nela, que me intrigou, que me vez mais uma vez sentir que eu não era só um, era mais do que mente, corpo e alma, que eu era um continuação de tudo existente, era uma sensação inexplicável... escutava e não escutava, via e não via, sentia a temperatura e não a sentia, não sabia se realmente estava lá mesmo, se tinha ido para outro lugar, talvez aonde ninguém estivesse ido, então fui me levantando leve, me sentia sem pesos adjacentes, não sentia mais culpa, não sentia mais agulhas entrando em meu corpo, não sentia mais rancor, então vi que aquela ancora que carregava com inocência foi tirada de meus ombros, coloca no lugar mais simples de todos, o chão, então com esse simples gesto vi o quanto era insignificante aquilo que tinha sentido, essas pequenas agulhas, porém várias, me fizeram ver que a vida precisa de cicatrizes, preciso de erros, para nos tornamos energia e em algo mais que não sabemos, apenas sai de mim, sai por um satisfatório momento, sai de meio corpo e vi uma imagem que falou e me explicou, talvez o que nunca entendesse o que tinha passado... a imagem era um lugar escuro com um pequeno feixe de luz, ele era suficiente para mim, me vi saindo da escuridão e entrando na claridade, na pequena claridade que buscava. E só então escutei...

“A culpa é um saco de tijolos, por que tenta o carregar?”

Sem palavras, fiquei calado, aceitando a dor de minha reflexão.

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