E agora? O que ainda espero?

Começo a ter dúvidas sobre essa escolha; Será que devo pular mesmo? Acima do peso eu estou mesmo, não há como negar... A que da vai ser feia né? Devia morar em apartamento... Porra de casa! Muito complicado... longe das nights... Tenho de me mudar! Como vou fazer isso? Não tenho condições de morar só em um ap... FUI ROUBADO! DROGA!

Sento na calçada da minha casa, fico ali pensando em tudo que aconteceu durante o dia, todo o calor do semi-arido, o calor do assalto, ônibus, tudo que é oferecido pela cidade. Daí você vai desenvolvendo o pensamento de como as coisas estão erradas, como tem muita coisa fora do lugar, tudo aquilo que está na sua cara e você vai ignorando por se acostumar com o absurdo cotidiano.

Maaasss sim... E eu? Como vou entrar na minha casa cara? Isso é o tipo de absurdo que achamos normal, mas não é, pelo contrario, é muito INACETAVEL! (Inacetavel mesmo, não quero saber de como é de verdade). É minha casa e como cheguei a esse ponto? Como? Será que alguém pode me explicar! Tou acima do peso meu deus, QUAL É?!

Tenho de pular mesmo... Acho que por ali dá. Sempre pulei por aqui, Por que não consigo agora? EU SEI, EU SEI, EU SEI! Não precisa lembrar, tá?! Droga de memória...

- PARADO! DESÇA CALMAMENTE DO MURO!
Já vi a noticia no caderno policial: “Preso por pular muro da própria casa”. Não sei mais se é engraçado, sei que está foda! Desço do muro calmamente, afinal o que tinha de acontecer já aconteceu mesmo... Roubado-cansado-sem paciência-acima do peso-preso ainda? Não, ta bom de sacanagem. A policia se aproxima de mim e digo calmamente com muita raiva: - Senhor, eu moro nessa casa, acho que esqueci a chave ou perdi no caminho.
- Você mora ai? – pergunta o Cabo Silva.
- Sim, a uns 8 anos... Estava apenas tentando entrar...
- Você faz idéia do perigo que esta passando?! Podia ter levado um tiro...
- Podia, podia sim... E sei do perigo que estou passando.
- Senhor, não há motivo para pânico, afinal estamos todos sobre a mesma pressão, a crise mundial afeta todos, ninguém está tranqüilo... Precisamos manter a calma.
Nesse momento senti mais do que vontade de dar um murro no Cabo Silva, senti mesma foi a necessidade quase obrigatória de enfiar minha mão fechada na cara dele. Mas...
- Tudo bem, tudo bem.
Será que eles vão me ajudar em alguma coisa... Poxa, bem que podiam, tou necessitado porra!
- Tenho cuidado senhor, maiores problemas não hesite em nos chamar.
- Obrigado. – no pensamento: “obrigado, filhos da p***.”


music non stop: Radiohead In Rainbows