Friday, July 08, 2011

O Terror Anônimo

"Há três dias venho imaginando as novas naves, novas sociedades, novas espaços e novos tempos que chegam. Não gosto do que imagino, não gosto do que vejo. O que venho sentindo me aterroriza, o passado sem dúvida era mais claro. Não, não, não existia imagens HD, ou televisões com milhões e bilhões de pixels. Imagens tão perfeitas, tão reais... Sinto na pele, no rosto a brisa de paisagens e climas de qualquer filme e programa. Qual o objetivo dessa ultra realidade?! Me prender na frente de uma tela?! Pra completar sonhamos com teletransportes e aviões supersônicos. Desejamos viajar cada vez mais rápido e ir cada vez mais longe, momentos que iremos digitalizar e compartilhar. Pois, se na sala de minha casa tenho esse conforto, pra que perder 30 horas de voo?! Não é melhor uma TV ultra super mega high definition?! Será que não querem me convencer de que não preciso ir lá pra conhecer?! Será que televisões 3D e com sons com a mais alta qualidade não irão fazer a vez do teletransporte?! Será?! O que querem fazer comigo quando me incentivam a comprar-comprar-comprar-comprar-comprar e comprar??! Pra que?! Querem que eu consuma?! Eu sei, eu sei! Só que já tenho que consumir de qualquer maneira!".

- telefone toca -

- Alo?
- Ei bicho, vamo dar uma volta hoje?
"Mal sabe ele que não gosto de ser chamado assim, pelo menos agora."

- Cara, não tou muito afim.
- Bicho, deixa de pensar no futuro e passa acreditar apenas no presente.
- Ahm?! O que você disse?!
- Hehehehe... Sinistro, não?! Li hoje no jornal essa parada...
- Jornal... Que jornal...
- Bem, solta essa shibata e vamo!

Não é todo dia que o nosso personagem acorda com o melhor dos pensamentos. Hoje mesmo, acordei com uma espada cravada no pescoço. Nosso colega aqui não é diferente. Até porque não tenho intenção de escrever sobre um super herói. Talvez, assim como eu e você, ele esteja experimentando a crise social. [Você acha que existe?]

"Nem acredito, todo dia acordo com uma indecisão diferente. Vejo um futuro cada vez incerto, possibilidades diversas e dinheiro escasso."

O que poderia acontecer com ele? O que mais poderia dar em sua telha? O que poderia cair no seu colo? Um martelo? Uma mulher linda da natureza? Quando cairia? Como saberia ele o que procurar? O que poderia eu, escritor medíocre, escrever sobre tal personagem anônimo?

"Não sei quanto ao meu futuro, nem muito menos sobre o seu. Não vejo esperança. Luz acesa? Pode apagar, a conta pode subir! Que crime é esse que cometo? Que chuva é essa? Onde posso assinar os papéis? Onde mais poderia eu estar?"

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