- Rapaz... você vai passar uma semana sem comer direito, só comendo “pasta”, ou seja, sorvete, sopa, iogurte, sem esforço o que é muito importante, tanto pra recuperação como pelos pontos que foi dado na sua boca. Tudo bem? – respondi com a boca dormente ainda.
- Claro, ficarei tranquilo. – na minha cabeça esse processo dos pontos era o mais tranqüilo de passar, era só relaxar, comer um sorvetizinho, uma sopinha, enfim que ia ser tudo bem.
Então depois da luta e instruções voltava pra casa, com o pensamento positivo, mas como dizem “pra tudo tem um preço”, comecei a perceber uma quantia exagerada de sangue na boca, isso me fez lembrar que no dente de cima estava aberto, o sangue descia tranquilamente, todo serelepe, então quando o carro parou, abri a porta da carro e cuspi o sangue acumulado na minha boca, quando fiz isso, olhei para o asfalto ainda quente do calor do dia e vi, aquele sangue no asfalto, era uma laminha da sangue, fiquei impressionado com a quantia. Durante o caminho o sangue voltava a acumular, e estava tranquilo com o sangue correndo, mais uma vez tive um pensamento sacana, que era: deixar acumular o sangue na minha boca e cuspir uma lama, deixar uma lama de sangue em algum lugar, foi quando minha mãe falou:
- Meu filho, vamo passar na padaria e comprar o sorvete logo, não é? – respondi.
- sim, claro, comprar logo. – assim que chegar em casa, tomo o sorvete [sorvete se toma, se come ou se bebe? É uma pergunta pertinente. Nada haver com o texto também.] Assim que paramos na padaria, ao lado dela, dei aquela cuspida, olhei pra ela com orgulho, lógico que um orgulho perverso, vi ela ali no chão, poça de sangue, devia estar bem quentinho ainda, continuava sangrando e eu continuava cuspindo, liguei o rádio para escutar uma música qualquer, aliviar a tensão, quando minha mãe chega com dois potes de sorvete, um de “chicabom” e o outro de “napolitano”, melhores sabores, e ela ainda trouxe uma garrafinha de iogurte Ninho, o Solei, com soja, muito bom também.
Chego em casa, com o sangue descendo ainda, o que antes foi duma diversãozinha para mim, se tornou verdadeiramente um pé no saco, me levantando direto pra cuspir, toda hora e todo instante, aquele incomodo, não precisa dizer que é chato, incomodo já é uma chatice, então decidi tomar uma tigela de sorvete, fui até a cozinha me servir do sorvete, chegando lá, o primeiro feito a se fazer era pegar uma tigela, percebi que as tigelas eram tigelinhas, não dava pra ficar comendo nelas na situação que me deparava, ia ficar me levantando pra me servir do sorvete, o mesmo tanto de ir cuspir, então vi aquele copão, um enorme copo que tinha no armário da cozinha, e disse: - é ele mesmo! Colocar logo muito sorvete e ficar tomando(comendo ou bebendo)e assistir televisão, quando tomava percebi um recheio diferente no sorvete, não tinha como me livrar dele, era algo inevitável, tomava sorvete, o napolitano, com recheio de sangue, era um sabor diferente, afinal não costumo tomar sangue, ainda mais fazer combinações com outras “comidas”, assim seguiu, digamos que o sorvete foi o meu jantar, era a única comida que podia no momento, com tanto sorvete tomado chega a hora de dormir. Na hora de dormir surgiu uma preocupação, como vai ficar esse sangramento? Vai parar? Não, não vai… Vai parar de sangrar só por que vou dormir? Claro que não. Sim, e dai? Como vai ser? Isso tudo passava na minha cabeça antes do dormir, coloquei um pote com areia pra cuspir nele e me deitei, acho que devido a perda do sangue, dormi fácil demais, me lembro que acordei pra cuspir o sangue que ainda descia.
Acordo no dia seguinte logo com dois problemas, primeiro, uma fome absurda juntamente com a lembrança de que não posso comer, segundo, um mau hálito insuportável, aquele cheiro de podre, horrível, cheirava mal, então ainda não podendo escova os dentes, dei uma chacoalhada com água, e depois com anti-séptico bucal, na verdade era pra ter usado desinfetante, ou cloro, ácido, algo mais brutal, por que tava ruim a situação, depois de feito isso, fiquei assistindo televisão e mais sorvete, sorvete, sorvete, sorvete, e mais sorvete, quando tomava sorvete percebi que dos dois lados da minha cama tinha cuspidas de sorvete, ri da situação, não acertei uma vez o pote, limpei as cuspidas, pra ficar ao menos apresentável o quarto. O sangue descia do dente extraído havia diminuído, assistindo filmes, lendo uma revistinha, como não podia fazer praticamente nada, fiquei quase que relaxando, quase por que? Porque quando você relaxa, você come, bebi, faz tudo isso tranquilo, e na situação nada disso era bem vindo, isso virou uma rotina, tomava(comia ou bebia) sorvete pra dormir e dormia pra tomar(comer ou beber) sorvete, passaram se os dias, tinha momento que ficava desesperado, todo mundo comendo na boa, comendo um carioquinha com manteiga e refrigerante, dando aquelas mordidas, mordidas com fome. Passado o tempo, entrava no cardápio a velha sopa, algo que não fazia tanta diferença, fazia diferença por ser comida quente, só tomava comida fria, quando terminava o sorvete ou iogurte, a boca ficava fria, era um estado horrível, sentia frio, e fora o enjôo, comecei a ficar enjoado de tanto sorvete, tanto doce, não sou muito fã de doce.
Acordo no domingo, por volta das dez horas da manhã, com a seguinte informação dita sem pena de mim, sem misericórdia: - Hoje vai ter um churrasco aqui em casa, vai vir o pessoal da família, ok? – o que poderia dizer naquele momento, o que iria fazer com relação a isso, ia achar ruim? Claro, isso eu podia, mas não podia impedir a festividade aqui em casa, talvez impediria se fosse o dono dela, mas não sou, então vou curtir a festa do jeito possível. Tomei um banho de manhã, coloquei uma roupa confortável, enquanto me vestia pensei, outro pensamento, falei pra mim mesmo: “só pela sacanagem”, não coloquei a roupa de baixo(famosa cueca), vou ficar no osso como se diz, uma blusa e uma chinelinha havaiana, fiquei no osso mesmo, não quis nem saber, quem vai me impedir disso? Oura mais, todo mundo vai comer carne da boa, comer feijoada deliciosa, comer tudo do bom e do melhor, beijar na boca da namorada, aqui na minha cara e eu vou ficar na coca-cola? Não, não... Se bem que é uma vingança altamente pessoal, altamente minha, só minha, ninguém vai nem saber disso, então fiquei no osso, com o maior prazer, achei super-confortável, aquele ventinho arejando, muito bom, pelo menos nisso fico realizado, tentei não pensar no churrasco, difícil demais, então passou, finalmente passou o churrasco, assim que passou o churrasco a batalha era outra, a do tempo, era só esperar pra comer com força, com fome, queria dar um grito naquele dia, (AAAAAAAAAAAAAHHHHHHHHHHHHHHHHHHH, finalmente tirar e comer, comer, sou carnívoro AAAAAAAAAAHHHHHHHHHHH, sou capitalista, consumidor, risos), queria gritar isso que está entre parênteses, fui dormir cedo, pra tirar logo de tardezinha os pontos.
Acordei na segunda-feira afim de comer, mas ainda não podia, esperei até o almoço pra alguém me levar pra tirar os pontos, me vesti com uma bermuda verde escuro e uma blusa verde mais claro, cheguei lá sorrindo, acho hoje que cheguei com a boca aberta, talvez não, sou meio abestado, mas nem tanto, cheguei no consultório, já tinha gente lá, mas como o meu problema era só tirar os pontos fui o primeiro, entrei falei com o colega Tarcisio, dentista, o velho procedimento voltava, abre a boca e uma peça de aço entra na minha boca, uma tesourinha desta vez, entra e vem o corte dos pontos, muito desconfortável tirar os pontos, dar uma agonia, é outra chatice, ocorreu tudo tranquilo, tudo pacifico, apesar do desconforto, me levantei feliz da vida com a tirada dos pontos, falei com o Doutor Tarcisio, agradeci tudo que ele fez, todo a força, literalmente, falei com sua assistente e sai do consultório, assim que sai e a porta foi fechada, um silencio, estava cego, tudo branco ou preto, uma tontura absurda, procurei forças e me sentei na sala de esperar, respirei fundo, senti o clima pensado, comecei a ver tudo novamente, suando frio... Urrrrrrrrrrrr... Era uma sensação chata, me tranqüilizei, pois isso devia ter se dado dá má alimentação da ultima semana, tomei um copo da água, e falei pro meu irmão: - Cara vamo comer, por favor! – fomos comer no melhor ícone capitalista, diria que naquela situação seria a seguinte frase: o melhor do capitalismo para uns do melhores capitalistas, não sou o melhor, o melhor é o Bill, vocês conhecem não é? Cheguei no “Mequedonaldis” com uma fome etíope e pedi o “Bigui Teisti”, molho de churrasco, comi com força o “sanduba”, delicioso, voltei pra casa, tranquilo, sem dentes e sem pontos, podendo comer animalescamente.
*Esta foi uma das odisséias dos últimos meses, não a melhor, ou a maior, mais uma ótima de ser contada. Obrigado a quem leu e comentou.
4 comments:
Meu Deus!
Me lembrei de quando eu furei a lingua. 1 semana de sorvete, não podia mastigar... ;~ TRISTE uheiuaehuhea
mas pelo menos tu falava nera?
e eu?
nãoo podia falar e logoo eu, que sou aquela TAGARELA ;P
extremamente tagarela.
qse q eu surto na semana q fiquei sem falar.. e o pior é q eu passei o transtorno de fikr sem comer e sem falr, pra tirar o piercing
meu namorado qse me mata pq ele q aplica piercing. ;X heauiehiaeuhea
Primeiramente, eu acho que a gente come e toma sorvete. o primeiro quando ele tá muito congelado, o segundo quando tá só a papa!
ou seja, tudo depende do referencial! .)
Quanto ao desfecho digamos que foi um tanto animalesco! e não tinha como fugir disso.. se alimentar só de sorvete com recheio de sangue até eu, que não gosto de carne, estaria assim: demasiadamente carnívora!
Depois de ler essa sua Odisséia, me bateu um certo desespero. ainda tenho todos esses malditos em minha boca.. e não estou nem um pouquinho afim de passar horas sentada na cadeira da minha dentista olhando pro crocodilozinho preso na "lamparina"!
Poisé Seu Rodrigo!
.*
Depois que eu tirei os cisos eu também me lembro que ficava salivando até com coisas que eu não gostava só por causa do cheiro, ia pra mesa só pra ver o povo comendo.. uehuehuehuhe
e eu acho que se TOMA sorvete.. pelo menos foi como se convencionou..
sim, e tu gosta de uma vírgula, né?! ueheuheuhueh
:*
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