Sunday, August 06, 2006

Camisa Azul e Camisa Verde: "Returns"

Acordo no dia 26 e o primeiro pensamento do dia é:
- Puta que pariu é hoje!
Levanto-me sem empolgação para o dia, naquela onda de desanimo, devia ser umas dez horas da manhã, estava indignado, mas naquela altura não adiantava seguir com esse pensamento, era tomar um banho pra acordar e sair do quarto. E tinha vontade de tomar banho? Nem um pouco. O calor incomodava, estava suado por conta do ventilador que tinha parado de funcionar, olhei para ele com vontade de chuta-lo, quebrar inteiro, minha barba coçava, tinha amanhecido da pior maneira possível com o pior pensamento possível, de que tudo estava ruim e que tudo ia ser pior. E logo de manhã conclui: hoje é um dia pra esquecer. Então sem disposição entro debaixo do chuveiro, fico parado deixando a água passar pelo meu corpo, só sentindo água fria da manhã, tentando esfriar a cabeça, queria mais me molhar do que tomar um banho de vergonha, sai do banheiro me enxuguei e fui até a cozinha comer algo para esperar o almoço, comi um pão com manteiga e suco de uva, fiquei sentado assistindo televisão, flertando os canais, nada que prestasse passava naquela hora, fiquei assistindo alguns desenhos para tirar o pensamento besta da cabeça, então dessa maneira(monótona) foi até a hora do almoço. O almoço estava divino, estava delicioso, não sei se por conta das mãos de minha mãe que tinha feito o almoço, ou por conta de passar a próxima semana sem comer direito, apenas comidas “pastosos”, como sorvete, sopa, iogurte, comidas frias de preferências. Comi até bem no almoço, não foi a minha refeição ideal, mas deu pra encher a pança. Depois do almoço resolvi deitar, cochilei um pouco, logo em seguida tirei alguns acordes do violão, e quando perto da hora de ir ao dentista, tomei dois comprimidos de antiinflamatório, prevenindo alguma futura inflamação por conta da extração.
Três e quarenta e cinco da tarde, hora de ir. Coloco uma bermuda preta, uma blusa azul e uma alpargata. Decidi ir bem confortável, afinal vão extrair dois dentes e tenho de ir arrumado ainda? Claro que não. Tinha acabado de me vestir quando minha mãe me chama para ir. Íamos de carro, o caminho não era breve, um tanto distante. Chegando lá a ansiedade transbordava, queria logo entrar no consultório e extrair o dente. Me sentei na sala de espera, como essa combinação, ansiedade e espera, não é boa, fui pegando uma revista, olhando as estrelas da televisão brasileira, namorando, mostrando seus corpinhos e rostinhos lindos, descobrindo quem namorava quem, com quem Dado Dolabela sai, aonde Angelita Feijó dançava, lendo sobre algum acontecimento “Roliudiano”, vendo mais uma vez a beleza da Carol Castro, até que quando começava esquecer da extração escuto uma voz: - Rodrigo? – levantei o braço mostrando a minha presença, e quando a assistente do dentista viu disse: - Pode entrar. – com um sorriso lindo. Levantei e falei: - É, vamos lá!
Entrei no consultório do dentista, que por fazer a manutenção de meus dentinhos já é considera um amigo, o Doutor Tarcisio, assim que vi ele falei:
- Tudo bem Doutor? – ele respondeu
- Tudo ótimo, e você? Como vão os dentes? - sorriu
- É, estão aqui, tortos. – ele sorriu e disse:
- Não se preocupe, hoje dois deles saem. Vai ser tranqüilo, não dói nada, é só você ficar deitado aqui, eu coloco a anestesia, tiro os dois dentes e pronto, tudo vai ficar tranqüilo.
Sorri e pensei, claro que não vai ser SÓ isso, vai ter muito mais. Então me deitei naquela cadeira do consultório dentário imaginando como vai ser essa extração, torcia para que tudo fosse rápido e não desse nada errado. Deitado no consultório, conversamos um pouco, perguntei sobre os filhos dele, se ele tinha viajado, ele perguntou como tava o curso, quando ia começar, se estava gostando, até ele pedir pra mim abrir a boca e ele aplicar a anestesia, aplicada, esperamos alguns minutos, até ele dizer: - Pronto, deve estar dormente.
Ali começava umas das horas da vida. Começou colocando uma espécie de alavanca na minha boca, o dentista a usava pra empurrar o dente pros lados, para dentro da boca, depois para fora da boca, e de uma maneira estranha sentia o dente mexer, mas sem dor alguma, era uma sensação engraçada, escutava o dente saindo, como se você puxasse algo bem colado. Depois de usar essa alavanca ele pegou um alicate, esse tinha um formato agressivo, não dá para explicar exatamente como, seu formato me fazia pensar: “Ele vai colocar isso na minha boca? Que brutalidade!”, ele colocou esse alicate na minha boca, pegou o dente e puxou, uma, duas, três, na quarta vez o dente foi embora, e escutei o infeliz “descolando” da minha mandíbula, um som como um “Grrraaaaaahhhhhhh!”, me impressionei com a velocidade que o dente saiu, acho que até mesmo o Doutor Tarcisio ficou impressionado, foi muito rápido, era o dente debaixo, ele tinha dito que talvez esse dente fosse difícil de sair, mas saiu tranqüilo. Colocou gases no local do dente, o sangue saia com vontade, pegou a linha e agulha, deu os pontos e perguntou:
- Tudo bem? – respondi:
- Tudo, foi rápido, só espero que minha mandíbula esteja no lugar. – fiquei imaginando se tinha saído mesmo, direcionei o olhar para a bandeja das ferramentas e vi o dente, aquele absurdo de dente, e vi aquilo que nos falam, de que a raiz do dente é bem maior do que ele. Respiramos um pouco até a anestesia do dente superior.
“Vamos lá?”, falou o Doutor Tarcisio com toda disposição. Sem outra escolha concordei com ele, então veio a outra anestesia, um pouco mais de dialogo até ficar dormente o dente. Depois da dormência veio novamente a alavanca, já que o debaixo foi tão rápido, imaginei que esse também fosse. A alavanca empurrava meu dente para um lado, depois para o outro, tinha a mesma sensação estranha, sentia e não sentia o dente “descolando”. Sai alavanca entra o alicate, e o dentista puxava, puxava, dava um trabalho absurdo, para o dente sai, puxava, puxava, escutando o dente “descolando”, o dente de cima estava dando trabalho, segurava a minha cabeça e mexia o alicate de um lado para o outro, numa briga épica, puxava com toda força o dente, era uma briga intensa, meu dente lutava para ficar, me dizia de alguma forma que sua vontade era ficar e trabalhar no processo digestivo do meu organismo, implorava por mais um tempo entre seus colegas de gengiva, depois de tanta discórdia comecei a escutar uma voz, bem baixinha, era ele se despedindo de cada colega, aos vizinhos molares deixava a função de atacante, a função de completar a jogada, de fazer a finalização, aos colegas de meia-boca, os pré-molares dizia para armar melhor as jogadas, trabalhar bem o meio campo, deixando bem mastigada a jogada, aos pontas, os caninos, dizia para fincar na comida, furar o mais fundo possível, ir com toda vontade e aos vizinhos mais distantes, os incisivos, dizia para não brincar, fazer a pegada forte, dar bem as mordidas, depois te todo o discurso e luta, viu que tinha que sair e não mais atrapalhar a posição dos outros, ficaria tudo melhor sem ele e então saiu, saiu feliz por deixar os outros confortáveis, com sua saída, o sangue jorrava, sai do buraco do colega extraído, e então foi colocada gases para estancar o sangramento, já que não se dar pontos no dente superior.
Depois de toda essa luta, começava outro processo, desconhecido. Doutor Tarcisio extraiu os dois dentes, e me falou que depois de um tempo ele iria arrancar os outros dois, e me disse:...

6 comments:

Heloísa Pinheiro said...

Se essa foi uma extração épica, você realmente foi um herói. E escutar que não era o fim deve ter sido a batalha mais difícil; até agora né?.. enfim. cá estou e por aqui andarei em busca do tão esperado desfecho!

Beijos .*

Anonymous said...

deu até pra ouvir o som do dente saindo. se eu visse o dentista com esse absurdo alicate na minha frente, jogava na cabeça dele e saía correndo do consultório. certeza que eu preferia morrer do que arrancar um dente da minha boca. você é o cara, cara. (:

Heloísa Pinheiro said...

Você sabe né? orkut é um bichinho danado. e foi o mesmo quem andou me informando que hoje seria seu aniversário.
emfim, aproveitando a deixa, aqui está os meus parabéns!
Vida e Saúde!
haa.e Felicidade. afinal, esta nunca é demais!
.*

Anonymous said...

primeiramente quero deixar claro, antes de ler, o meu espanto quando vi o tamanho desse texto. O_O

Anonymous said...

sim, cade o resto mesmo??

gostei oh.. serio mesmo..
mas, voce escuta com frequencia seus dentes conversando??

uahuahuahuahuahuhauhahuauhauhauh

Anonymous said...

eu ein. só a anestesia me matava ;X
gosteiii gosteiii ;~)
queria ouvir meus dentes conversarem de vez em quando ehauiaeiuhea ;P

Bjo.