Wednesday, October 18, 2006

"Põe na mesa, pode por, um dia lembro!"

O que sempre vai para frente, estranha quando está parado. Do mesmo jeito que algo parado, quando anda fica tonto, correndo o risco de bater a cabeça contra o chão. Algo antes branco, quando se torna colorido fica altamente diferente, podendo retornar a cor inicial, o branco. Isso se deve a que? Por que não nos acostumamos a algo facilmente? Simplesmente porque existe algo chamado adaptação. Só por isso? Claro que não, há diversas outras respostas para a rejeição de algo novo, ou como queiram chamar.
De quem é culpa da falta de costume? É a adaptação? Não, não, isso é algo que não influi no processo de rejeição. A adaptação é algo diferente, é depois da aceitação, ou seja, a adaptação é um processo de evolução, por mais que seja a algo extremamente horrível, como dormir ao som de uma boate, ou de algo totalmente contrário a isso, que é o de se adaptar a dormir com sua esposa, ou companheira, pois nos dias de hoje nunca se sabe, há diversas relações.
A culpa dessa rejeição se dar a algo chamado de memória, é ela quem traz toda a rejeição da novidade (como já disse de qualquer espécie, seja ruim ou bom). A memória nos proporciona a volta ao nosso passado, isso que digo não é nenhuma novidade, à volta de nossas melhores lembranças, como a primeira namorada, o primeiro beijo, aquela relação sexual que tivemos, tudo de bom que vivemos, como também a volta dos piores momentos, como braço quebrado, como o primeiro fora, ou até situações piores. Então vejamos, a memória nos proporciona todo esse arquivo de nossas vivencias, porque então ela influi no processo de adaptação? Oura, simplesmente pelo fato de lembrarmos de como foi bom àquela vez, como teria sido se ela tivesse feito assim, ou assado, por isso que ela (a memória) dificulta o processo. Então como já disse, enfatizando melhor agora, a adaptação necessita de um esquecimento, de você abrir mão daquilo que era seguro, de abrir mão de tudo que mantinha você a salvo, ou seja, cabe a você decidir se vai abrir mão de tudo àquilo que mantinha você confortável, e também de sua disposição, de sua capacidade de ir com essa nova onda, de andar sobre ela, saber que ela lhe oferece perigo, mas estou me divertindo com ela.
Só fechando o assunto, nunca podemos nos comparar com vegetais, ou com animais, eles são bem diferentes de nós, isso também não é novidade, porém o efeito em cima destes são tão grandes quanto em nós, podendo necessitar do antigo caronte.



*Inspirações causadas por;
Filme Adaptação dirigido por Spike Jonze e roteiro de Charlie Kaufman
Do texto “À luz do surfista” de Charles Feitosa
Da música The Hand That Feeds do álbum With Teeth – Nine Inch Nails
Por minhas dificies adaptações.
**Tirando a última, todas as outras três inspirações servem como indicações.
***Caronte; é uma espécie de taxa paga ao barqueiro, este barqueiro nos levará a outra dimensão, a um local mais seguro para descansarmos em paz. Pode se ver bem isso no filme Tróia, dirigido por Wolfgang Petersen com Brad Pitt e Orlando Bloom no elenco.
****Título; faço alusão a Teoria da Tabulsa Rasa de John Locke, que diz que quando nascemos somos como um tela em branco, como uma mesa vazia, sem nada em cima, e com o decorrer de nossa vida [experiência, tentativa e erro], vamos pintando esse quadro, ou preenchendo a mesa, como é o caso que faço no título.

1 comment:

Heloísa Pinheiro said...

Você me fez lembrar de um sôco no estômago que levei da Clarice Lispector.. A memória seria uma terceira perna que nos dá estabilidade ao passo que nos impede de andar: um tripé estável, porém imóvel.

Sempre digo que esquecer não é possível. A adaptação é a solução. Chega em um ponto em que a tela branca deixa de ser meramente 'vazio' e passa a ser 'recomeço'.

Enfim.. Passando por aqui. Dr. Rodrigo, sempre ótimos texto!

Do mais, Beijos!
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